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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Viver ou trabalhar? Eis a questão!

Crise, desemprego, instabilidade. Essas são algumas das palavras que fazem uma pessoa estremecer. Ter um trabalho tornou-se sinônimo de estabilidade familiar. É na corrida desenfreada para manter o emprego, que se encontram os workaholics, expressão que define uma pessoa que é viciada em trabalho e o faz em excesso.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 50% das empresas criadas desde 1997 foram à falência antes de completar sete anos. Os números assustam os empreendedores e não empreendedores, que lutam para não fazerem parte destes dados. O ritmo de trabalho é importante para que o progresso e consequentemente sucesso, sejam alcançados. Para continuar neste caminho, diversas horas são dedicadas ao trabalho. O exagero de tempo direcionado às atividades profissionais toma o lugar da família, do lazer e a até mesmo das preciosas horas de sono.

Em crescimento constante, a internet facilitou as telecomunicações. No ano 2000 existiam 361 milhões de internautas na rede. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2010, esse número ultrapassou os dois bilhões.

O escritório foi trocado pelo conforto de um sofá. O computador pode ser a ferramenta mais importante, um instrumento de trabalho. Com o crescimento da competitividade no mercado, a busca acirrada por uma vaga, por uma oportunidade, transforma o ser humano em máquina. Não há tempo a ser perdido. Pensar, criar, fazer, transformar, inovar. Isso faz parte do cotidiano de milhares de pessoas ao redor do mundo. A instantaneidade causada pelo fenômeno da internet exige que o trabalho seja cada vez mais rápido.

A Agência de Saúde Pública de Barcelona, Espanha, revelou, através de uma pesquisa, que jornadas de trabalho com mais de 40 horas semanais podem ocasionar sérios problemas físicos e emocionais. Segundo a Associação Paulista de Medicina do Trabalho, dores de cabeça e perda de concentração são os sintomas iniciais. O estresse é a doença mais comum. Depressão, problemas cardíacos e ansiedade também podem derivar da excessividade no trabalho.

O estudante de Jornalismo, Alex Bússulo, é responsável por um site de notícias em Artur Nogueira, São Paulo, e é colaborador e consultor do maior jornal da cidade. Sua rotina se resume em trabalho. Durante as aulas da faculdade o trabalho se infiltra, na possibilidade dos momentos. Suas horas de sono ficam entre quatro e cinco horas por noite. O estudante segue uma fé religiosa, e por isso, a intensidade do trabalho não afeta o sábado. Para recompensar, a sexta-feira é sobrecarregada com mais atividades. “Eu trabalho todo o tempo em que estou acordado. Eu não paro”, afirma Bússulo.

Para o psiquiatra Içami Tiba, enxergar no trabalho um caminho único para a manutenção do status social é típico comportamento de um workaholic. “Estes... itens têm levado cada vez mais as pessoas a trabalharem em excesso, quando na realidade não precisasse tanto”, comenta Tiba. Outro aspecto atribuído ao comportamento surge pela frustração relacionada ao desequilíbrio de outros aspectos de vida, que leva o workaholic a encontrar no trabalho uma “saída”.

Professor e pai de quatro filhos, Nahor Neves é geólogo e trabalha mais de 12 horas por dia. “Isso é um exagero e não deve servir de exemplo pra ninguém”, alerta. A família mora em outra cidade e Neves só passa tempo pessoal com a esposa, que é dentista, e a filha mais nova, nos finais de semana. Três de seus filhos já são formados ou estão concluindo o ensino superior e já não moram mais com a mãe. Até hoje reclamam a ausência do pai, que nos últimos 17 anos, não esteve tão presente na vida deles. Neves, pelo menos três vezes ao ano, passa metade do mês sem ver a família. Isso acontece quando surgem viagens, em função do trabalho, a serem feitas. O geólogo escreve artigos e um livro relacionados à área e considera leve suas atividades. “Como nunca na minha vida, eu estou fazendo um hobby”, entusiasma-se. Através de suas pesquisas Neves produz conhecimento. Sua alegria também se resume em ensinar, o que considera uma tarefa de extrema importância. “Uma missão, muitas vezes, exige sacrifício”, conclui.

Para a psicóloga Angélica Muniz, é importante que os papéis sejam invertidos. “A base de uma vida é a estrutura da família. Quando falta uma mãe, um pai, sempre ficará um espaço que deve ser preenchido”, ressalta Angélica. A sugestão dada pela psicóloga é que o workaholic procure ajuda profissional e com esse auxílio, troque suas atividades de trabalho pela família, pelo menos em algum período ou hora do dia. “A aproximação, o toque, o olhar, fazem toda a diferença”, afirma.

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